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Plano Nacional de Leitura para todos e já, por favor

Por uma implementação do Plano Nacional de Leitura a todos, de forma mandatória.

Sou do tempo em que quando algo era adjectivado de polémico, o assunto era sério. Grave mesmo.

Não era para menos: a dita vem do grego polemikós, "relativo à guerra".

A nossa amiga Wikipédia ainda acrescenta que "é a prática de provocar disputas e causar controvérsias em diversos campos discursivos, como na religião, na filosofia, na política, na arte, na literatura etc.".
Religião, filosofia, política, arte... Pesos pesados!


Atrevo-me a dissertar um pouco mais e na mesma linha: quando alguém estava indignado, eu sabia que essa pessoa não estava bem, que algo tinha abalado as suas convicções, fossem elas de carácter moral, social, religioso ou outras que tais do mesmo calibre.

Bem pode.
O Priberam descreve a indignação como um "sentimento de fúria ou desprezo, geralmente provocado por algo considerado ofensivo, injusto ou incorrecto".

Eu sei que o mundo não é um lugar fácil, mas pergunto-me que mundo é esse, pois no meu são raras as vezes em que me deparo com situações onde tais sentimentos me surgem, contra tão selváticos eventuais acontecimentos!

Mas, numa tertúlia tardia com amigos, algo foi dito que me orientou a reflexão:
O problema não é a existência de um mundo tão mau que gera ondas grotescas de polémica e indignação. Nada disso!

O real problema é a conjunto lexical pobrezinho de muito boa gente.

De forma tão massiva meia dúzia de vocábulos são omnipresentes nos media, que o pessoal não se lembra que existem mais palavras, termos ou expressões que podem espelhar melhor o que lhes vai na alma.

Algumas polémicas poderiam apenas ser questiúnculas, e indignações seriam meros aborrecimentos. Mas a malta gosta de partir logo com a artilharia pesada, como bem se pode ver pelos significados de facto das ditas palavras.

"Mas Tato, e se as pessoas sentem mesmo aquilo?" dirá algum de vós.

É possível, mas tal como escreveu Quintiliano no seu De Institutione Oratoria, "pectus est quod disertos facit", que é como quem diz "o coração é que faz os eloquentes".

E a ter algum fundo de verdade, sendo o coração a verdadeira fonte da eloquência, parece-me que muitos dos temas atuais não batem tão lá no fundo da malta que lhes faça despertar a arte de bem falar.

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